A chave de mim em
mim se perdeu.
Sou agora oculto,
fechado aos meus olhos,
Surpreso de nada,
medroso de mim.
Um rosto sem forma,
uma voz muito rouca,
Uma dor imensa,
como caos sou assim.
As coisas do mundo
agora enfrento,
Não falo lamento,
resolvo no fim,
Se me acho por fora
das coisas tão minhas
Agora me sinto
fugindo de mim.
O que vejo por fora
de onde era eu
Já não me importa,
pois
Só vejo a porta
sempre trancada
Por ser arrombada
por um ato meu.
De dentro as
lembranças, tais vãs e faceiras
Me acompanham no
frio em que agora me vejo.
Tão fraco bocejo do
lado de fora.
Nem minha alma me
adora, não tem pena de mim.
Tais frases
egocêntricas são fugas amigas
De um ser que se
obriga a fingir bom viver.
O mundo é estranho,
agora eu me chamo
De um louco mundano
a andar e se perder.
Mas perdido não
estou. Eu sei onde há porta.
Maluca é a chave
que sumiu de mim.
Quando pensei ser
estranho
Foi o tal engano
Que arrancou meus
planos
E me fez ser assim.
E tal fato estúpido
Que laça os humanos
Também trouxe bônus
E me fez pensar.
Sentei frente à
porta,
Agora não torta,
Abri outra porta e
entrei para mim.
Fui ladrão de mim
mesmo, enganei-me,
Mas agora desejo:
tem que ser assim.
Dei lances de olho
por todos os lados,
Fiquei preocupado,
Não me via assim.
É estranho o
contato
Sem vozes, sem
cheiro,
Sem toques, sem
meios
De ver-se e não
ver.
Mas minha alma
humana
Me deu pronta chama
De no escuro eu
ver.
E ver tem sentido
De ser a tal coisa
que os olhos alcançam.
Tornou-me mais
estranho a tal invasão,
Pois ver e então ser só leva à razão.
A primeira ideia
seguida dos fatos
Foi um tal retrato
que a alma me deu.
Era um pouco
confuso, embaçado e difuso,
Mas ele era meu.
E nele eu chorava,
a um ponto olhava,
Mas nada de ver.
Chamava por mãe,
por pão e por vinho,
Ganhava um
pouquinho e voltava a ser.
Não quis mais tal
cena.
Achei-a pequena,
Por pouco dizer.
Então dei mais
passos
E vi meu espaço:
Eu mesmo a mim.
Minha alma em
agonia,
Chorava, sofria, só
via abnegação.
E tudo de humano
não ocupava meu plano,
Apenas meu sangue
eu sabia seguir.
E todos se riam,
parece cospiam,
Zombavam de eu ser
Um tal diferente,
uma alma inocente,
Sem algum proceder.
Então esta alma,
encontrou toda a calma
E se transformou.
O mundo desumano
tornou-se banal.
Minha relaxava
sendo apenas meu eu.
Formou-se a bolha
que eu desejava,
Então esta é a casa
de que a chave perdi.
E entendi que
abri-la é o meu coração,
Inquieto e quieto
achar a ação.
Então eu abriria a
porta por dentro.
Mas dentro já
estava, fui ladrão de mim mesmo!
Como entrar se está
dentro, se há pouco era fora?!
E nisso consiste
uma definição,
Uma rara
consciência se eu sou eu mesmo.
Todo lado de fora
da casa de bolha
É o estranho
Que me forma,
Mas não quero ser.
Enquanto que
dentro, sou forte da guerra,
Sou o amparo da
terra, onde nada plantei.
Mas o lado de fora,
não entende, não sabe
Se eu sou assim.
Assim que me
importo, assim que me porto,
No gosto de só ver
O que mora em mim.
(Mirinaldo)
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