Pensar é amar.
Sentir é amar.
Mas tudo isso
Nada é se não posso
guardar.
Tenho um dom em mim.
Não em minha vida.
Minha vida não tem
dom.
Meu dom é ser
dentro de mim.
E se nada mais é
assim,
Nada mais importa.
Aprendi a
prender-me.
Até que é bom.
Pois, prender-se é
amar-se,
É manter-se com o
dom.
Há uma coisa que
aprendi:
A vida só tem uma
beleza:
A falsa certeza de
ser alguém.
E falsa também é
essa tal beleza,
Pois se nada é
certeza,
A matéria não
convém.
Meu dom é o
silêncio.
Único inocente no
mundo de ilusões.
“Quem cala
consente”,
Quem crê nisso
mente,
O silêncio é agente
E muito bem sabe ser.
Pois permite as
permutas,
As lutas, as causas
puras,
Que ninguém pode
entender.
Entender o
sentimento,
Em qualquer das
dimensões,
Burras são as
razões
De quem cogita
assim.
O silêncio somente
sabe,
Pois consegue isso
ver,
É o único
visionário
Do que nem pode
acontecer.
Eu amo o
isolamento,
A matéria do
silêncio, pois
Se me afasto tombo
Do falso reto que
sou.
Aí morre todo amor
Que o mundo a mim
atribui.
E então nada possui
Todo amor que era
meu.
Prefiro nada falar
Se meu dom já é
calar,
Pura graça de
viver.
O mais por
acontecer
Me tortura e me
desfaz,
Matéria é tudo
fugaz,
Para mim isso é não
ser.
(Mirinaldo)
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