Por Mirinaldo
E estamos nesta terra desgraçada
Convivendo com a insana humanidade
Sob o julgo dos cristãos – dos falsos santos
E suas porcas morais já ultrajadas
Sob o império do capital americano
Sob a cultura europeia importada
Destinados a viver sob os impérios
Dos patrícios malparidos das cartolas
Que de dia escarram santidade
E à noite a vomitar suas falsas glórias
Vão sangrando as virgens e sãs ideias
Deturpando os valores da história
Com a cruz de um Senhor justo e santo
Ergueram ao lado a bandeira da soberba
Possuídos de demônios em suas cartas
Encheram suas panças com esta terra
E beberam nosso sangue limpo e puro
E puseram a verdade nas cisternas
Na aldeia do apartheid cá estamos
Na cultura inferior que nos legaram
Na prisão da ignorância então cativos
Veias abertas vendo o sangue derramado
Sob o olhar de almas podres ditas grandes
Sob os discursos de amparos sempre errados
Nas festinhas maltrapilhas das escolas
Mais fracassos se juntaram às nossas faces
Tantos artefatos e fotos espalhadas
Somos seres de folclores nunca nossos
Tantas flechas tantos arcos nas imagens
Não mostraram a verdade: nossos ossos
Os urbanos nas suas castas financeiras
Vivem a pregar, sem saber, o socialismo
Mas matam entre si os comunistas
E no final têm seus corpos ao abismo
É mais forte o que lambe as robustas panças
E os bigodes de abutres ensandecidos
É falsa essa nação de almas sujas
Que posta a imagem de selvagens
Mas bebe o sangue deles o quanto pode
Enquanto descarna a verdade
E se riem das crianças índias mortas
Condenadas pelos pais da bestidade
E toda a história não teve a nossa pena
Só medalhas de defecados imperadores
Nossa sina foi morar sobre a terra
Mas na condição de ela nunca ser mais nossa
Pois nos tornamos brasileiros empossados
Com migalhas e uma corda para a forca
E eis que o inferno completamente inconformado
De ainda não ver nossa história consumida
Gestou uma peste apocalíptica
E a tronou como um burro genocida
Com plateia segurando seu escroto
Sonhando com as carcaças: nossas vidas
E esse ser, esse Gosma salivar
Com uma bíblia e um quadro de um Deus vivo
Vive a fechar os seus olhos genocidas
Babando orações e as cuspindo
Desejando que os mais ricos bebam sangue
Para logo festejar o genocídio
E a maldita história nunca muda
Procriam-se os filhos da desgraça
Fracassados na escola e na ciência
Rompem as glotes nos delírios pelas praças
Em nome de seu credo e do Gosma
Quanto à mata de onde saem nossas palavras
São o visto das máquinas e do mercúrio
São o lugar onde os abutres veem sem vida
E comem o ouro e então sorri o capitão doido
Sanguinário da América perdida
Com seus vampiros: almas secas, mãos de arrombo
E este dia 19 ninguém conta
Numa pátria onde não se sabe o que são apuros
Se é lutar para manter todas as vidas
Ou se é para salvar todos os vírus
Em que índio só se vê como palavra
Na arcaica aula de substantivo
Se o Diabo aqui cravou a má história
Deus Divino e deus Tupã vão ao combate
Se o inferno vai às ruas de amarelo
Nossos índios lutarão ao não empate
Pois como toda história tem um final
Que o Diabo tenha certo o seu abate
Tal como a natureza se transforma
Haveremos de chegar à solução
Renovados pelo espírito da Mãe Terra
Esse Gosma cairá com os seus ao chão
E viva os índios desta terra maltratada
Que todo dia têm que vencer o capitão.
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