quinta-feira, 17 de setembro de 2020

O brado verdadeiramente retumbante

 


 

Por Mirinaldo

 

E estamos nesta terra desgraçada

Convivendo com a insana humanidade

Sob o julgo dos cristãos – dos falsos santos

E suas porcas morais já ultrajadas

Sob o império do capital americano

Sob a cultura europeia importada

 

Destinados a viver sob os impérios

Dos patrícios malparidos das cartolas

Que de dia escarram santidade

E à noite a vomitar suas falsas glórias

Vão sangrando as virgens e sãs ideias

Deturpando os valores da história

 

Com a cruz de um Senhor justo e santo

Ergueram ao lado a bandeira da soberba

Possuídos de demônios em suas cartas

Encheram suas panças com esta terra

E beberam nosso sangue limpo e puro

E puseram a verdade nas cisternas

 

Na aldeia do apartheid cá estamos

Na cultura inferior que nos legaram

Na prisão da ignorância então cativos

Veias abertas vendo o sangue derramado

Sob o olhar de almas podres ditas grandes

Sob os discursos de amparos sempre errados

 

Nas festinhas maltrapilhas das escolas

Mais fracassos se juntaram às nossas faces

Tantos artefatos e fotos espalhadas

Somos seres de folclores nunca nossos

Tantas flechas tantos arcos nas imagens

Não mostraram a verdade: nossos ossos

 

Os urbanos nas suas castas financeiras

Vivem a pregar, sem saber, o socialismo

Mas matam entre si os comunistas

E no final têm seus corpos ao abismo

É mais forte o que lambe as robustas panças

E os bigodes de abutres ensandecidos

 

É falsa essa nação de almas sujas

Que posta a imagem de selvagens

Mas bebe o sangue deles o quanto pode

Enquanto descarna a verdade

E se riem das crianças índias mortas

Condenadas pelos pais da bestidade

 

 

E toda a história não teve a nossa pena

Só medalhas de defecados imperadores

Nossa sina foi morar sobre a terra

Mas na condição de ela nunca ser mais nossa

Pois nos tornamos brasileiros empossados

Com migalhas e uma corda para a forca

 

E eis que o inferno completamente inconformado

De ainda não ver nossa história consumida

Gestou uma peste apocalíptica

E a tronou como um burro genocida

Com plateia segurando seu escroto

Sonhando com as carcaças: nossas vidas

 

E esse ser, esse Gosma salivar

Com uma bíblia e um quadro de um Deus vivo

Vive a fechar os seus olhos genocidas

Babando orações e as cuspindo

Desejando que os mais ricos bebam sangue

Para logo festejar o genocídio

 

E a maldita história nunca muda

Procriam-se os filhos da desgraça

Fracassados na escola e na ciência

Rompem as glotes nos delírios pelas praças

Em nome de seu credo e do Gosma

 

Quanto à mata de onde saem nossas palavras

São o visto das máquinas e do mercúrio

São o lugar onde os abutres veem sem vida

E comem o ouro e então sorri o capitão doido

Sanguinário da América perdida

Com seus vampiros: almas secas, mãos de arrombo

 

E este dia 19 ninguém conta

Numa pátria onde não se sabe o que são apuros

Se é lutar para manter todas as vidas

Ou se é para salvar todos os vírus

Em que índio só se vê como palavra

Na arcaica aula de substantivo

 

Se o Diabo aqui cravou a má história

Deus Divino e deus Tupã vão ao combate

Se o inferno vai às ruas de amarelo

Nossos índios lutarão ao não empate

Pois como toda história tem um final

Que o Diabo tenha certo o seu abate

 

Tal como a natureza se transforma

Haveremos de chegar à solução

Renovados pelo espírito da Mãe Terra

Esse Gosma cairá com os seus ao chão

E viva os índios desta terra maltratada

Que todo dia têm que vencer o capitão.

 

 

 

 

 

 

 

 

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