sexta-feira, 11 de outubro de 2019

ESTAS SALAS...


Por Mirinaldo

Quanta dor causa uma sala de aula. Como devem sofrer alunos e professores nesses ambientes. Deveriam ser inóspitos? Considerados impróprios? Não estão servindo aos alunos? E aos estudantes? E aos educandos? Quando toca o sinal, é aquela festa. A alegria dura do portão à porta. Fecha-se a porta, morre-se a felicidade. Dentro, o gládio começa. Tudo dói. Tudo machuca. Tudo é quente. Tudo mata. Com ou sem centrais de ar, não faz a menor diferença: o ódio é o mesmo. Eles odeiam o que fazemos, nós professores, a eles. Não nos odeiam (eu acho), odeiam o que lhes fazemos. Sem prazer. Sem festa. Textos mortos. Falas fracas. Sonolências. Beliscões. Barulhos. De tudo eles fazem um pouco para passar o tempo. O tempo. O tempo é um prisioneiro na cela do calendário. Este aprisiona aquele e organiza o rodízio do entra e sai de professores. Quando isso ocorre, cada aluno corre para querer ver o mundo lá fora. Eles têm ânsia de ver o mundo. Embora não saibam que, para ver qualquer mundo, é preciso aprender a ver. Alunos são sensações. Filosofias os aborrecem. Ciências os adoecem. Gramáticas os matam. E segue a convivência – ou sobrevivência – na busca de se cumprir o que o tempo determine. Quanto ao que fazemos, professores e alunos, dentro desse espaço ainda incompreensível, é procurar entender como fomos parar nele. Mas a partida foi dada: já estamos aqui dentro. Gente, silêncio, é preciso estudar! Em algum momento saberemos o que estamos dizendo. Por enquanto, eles estão me ouvindo, querendo ver como é lá fora... destas salas...

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