Por
Mirinaldo
Quanta dor causa uma sala de aula. Como devem sofrer alunos e
professores nesses ambientes. Deveriam ser inóspitos? Considerados impróprios?
Não estão servindo aos alunos? E aos estudantes? E aos educandos? Quando toca o
sinal, é aquela festa. A alegria dura do portão à porta. Fecha-se a porta,
morre-se a felicidade. Dentro, o gládio começa. Tudo dói. Tudo machuca. Tudo é
quente. Tudo mata. Com ou sem centrais de ar, não faz a menor diferença: o ódio
é o mesmo. Eles odeiam o que fazemos, nós professores, a eles. Não nos odeiam
(eu acho), odeiam o que lhes fazemos. Sem prazer. Sem festa. Textos mortos.
Falas fracas. Sonolências. Beliscões. Barulhos. De tudo eles fazem um pouco
para passar o tempo. O tempo. O tempo é um prisioneiro na cela do calendário. Este
aprisiona aquele e organiza o rodízio do entra e sai de professores. Quando
isso ocorre, cada aluno corre para querer ver o mundo lá fora. Eles têm ânsia
de ver o mundo. Embora não saibam que, para ver qualquer mundo, é preciso
aprender a ver. Alunos são sensações. Filosofias os aborrecem. Ciências os
adoecem. Gramáticas os matam. E segue a convivência – ou sobrevivência – na
busca de se cumprir o que o tempo determine. Quanto ao que fazemos, professores
e alunos, dentro desse espaço ainda incompreensível, é procurar entender como
fomos parar nele. Mas a partida foi dada: já estamos aqui dentro. Gente,
silêncio, é preciso estudar! Em algum momento saberemos o que estamos dizendo.
Por enquanto, eles estão me ouvindo, querendo ver como é lá fora... destas
salas...
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