terça-feira, 24 de novembro de 2020
Racismo: demência versus razão
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
Aulas on-line: a grande farsa
terça-feira, 6 de outubro de 2020
Suicídio espiritual
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Vamos assistir a esse filme?
Por Mirinaldo
O governo Bozo fez um corte bilionário na educação. Para quem não perdeu seu voto, isso não é novidade. Mas é assustador mesmo assim. O ditador divulgou a premissa de priorizar a educação básica, mas ela foi atingida em cheio: corte de 2,4 bilhões de reais. Não perderei meu tempo com os acéfalos que comemoram a ideia do quanto pior melhor, pois não sabem o que é melhor nem o que é pior e muito menos são capazes de dimensionar um problema dessa magnitude, afinal, a educação não faz falta aos que nasceram unicamente com instintos e um título de eleitor na mão. Vamos ao que se quer com esse golpe. Há três questões em jogo.
A primeira diz respeito ao que a direita esquizofrênica chama de limpeza ideológica. Em bom português: eliminar o elefante branco da sala. Eu estava brincando: é eliminar o fantasma que assombra o palácio: o socialismo. Detalhe: sem socialismo. A falta justamente de uma educação mais protagonista (temos aí me culpa) levou muitos zeros pensantes a conceber a existência do comunismo e do socialismo no Brasil sem conhecimento de causa, mas o que tem causado um espírito alucinógeno de pseudointelectualismo. Ou seja, quem disser que o PT, o PSOL, o socialismo e o comunismo acabaram com o Brasil está devidamente diplomado. Não entrarei no mérito de discorrer sobre o que é socialismo e comunismo (em outro momento, prometo) e brincar de verdade-desafio sobre o tema. Oxalá tivéssemos um socialismo ou um comunismo (este, que fosse de base cristã de verdade!). Falo sério mesmo! E sem esse diploma de Bozoburrologia. O ataque do ditador às universidades, segundo ele, se justifica pelo fato de essas instituições promoverem o pensamento crítico, reflexivo, científico e filosófico. Tô brincando, ele não falou assim. Ele disse que quer expulsar o pensamento de esquerda. Coisa de quem se aposentou cedo demais, ganha bem e não tem dedicação a estudo algum. Na verdade, esse discurso é a balinha da eleição, lembra que os caras distribuíam balinha para as crianças e elas viam tudo doce? Pois é, enquanto a gente fica bancando o sabidão da direita sobre como se cospe em discurso socialista, o plano segue adiante. Vamos assistir a esse filme?
Vamos à segunda questão. Ok, enquanto segue o filme dos “Caça-socialistas” (Você se lembra dos Caça-fantasmas?), a segunda questão diz exatamente respeito à falta de projeto do Bozo para a educação do país. Mostre um. Mostre meio. Não, deixe, não perca seu tempo. Não existe projeto do (des)governo para uma caneta sequer. Quando, numa ditadura fria, como a que estamos vivendo agora, o ditador é inerte e despreparado, a ação truculenta é a única saída para ele mostrar que está lá no poder. Mas somente consegue mostrar isso. Não permite ser questionado, contrariado, então despeja seus desmandos como marca de que há um governo ali. Fora isso, teria que ficar como alguém disse certa vez: Se ele não roubar, já vai valer a pena. Nossa, um ladrão parado! A pena do salário mínimo, a pena do desemprego, a pena da submissão aos EUA, a pena da homofobia, a pena da arrogância e vai se soltando a pena por aí. Mas há um detalhe: esta segunda questão ainda não é a finalidade, assim como a primeira, a de caçar socialista alienígena. A primeira e a segunda questão são a parte do palco, são meios. Lá nos bastidores está a real finalidade: privatizar a educação. Bom, vou parar o meu texto. Daí pra frente a questão é a seguinte: se os diplomados no Bozonarismo têm, além de retórica primata, uma boa poupança, então comecem a comemorar. Mas primeiro olhem a poupança! Eu disse a poupança! Porque quando a coisa for realmente implantada, não vai haver bolsa discriminando quem assistiu ao filme “Os Caça-socialistas” nem para quem estava atuando nele. Por isso, todo discurso deve ter uma reserva. Toda atitude, uma ressalva. E todo bolsomínio, uma poupança. Porque quando a educação for de vez para o bolso dos capitalistas, então eu quero ver quem vai nos emprestar uma graninha. O Queiroz eu sei que não é.
O brado verdadeiramente retumbante
Por Mirinaldo
E estamos nesta terra desgraçada
Convivendo com a insana humanidade
Sob o julgo dos cristãos – dos falsos santos
E suas porcas morais já ultrajadas
Sob o império do capital americano
Sob a cultura europeia importada
Destinados a viver sob os impérios
Dos patrícios malparidos das cartolas
Que de dia escarram santidade
E à noite a vomitar suas falsas glórias
Vão sangrando as virgens e sãs ideias
Deturpando os valores da história
Com a cruz de um Senhor justo e santo
Ergueram ao lado a bandeira da soberba
Possuídos de demônios em suas cartas
Encheram suas panças com esta terra
E beberam nosso sangue limpo e puro
E puseram a verdade nas cisternas
Na aldeia do apartheid cá estamos
Na cultura inferior que nos legaram
Na prisão da ignorância então cativos
Veias abertas vendo o sangue derramado
Sob o olhar de almas podres ditas grandes
Sob os discursos de amparos sempre errados
Nas festinhas maltrapilhas das escolas
Mais fracassos se juntaram às nossas faces
Tantos artefatos e fotos espalhadas
Somos seres de folclores nunca nossos
Tantas flechas tantos arcos nas imagens
Não mostraram a verdade: nossos ossos
Os urbanos nas suas castas financeiras
Vivem a pregar, sem saber, o socialismo
Mas matam entre si os comunistas
E no final têm seus corpos ao abismo
É mais forte o que lambe as robustas panças
E os bigodes de abutres ensandecidos
É falsa essa nação de almas sujas
Que posta a imagem de selvagens
Mas bebe o sangue deles o quanto pode
Enquanto descarna a verdade
E se riem das crianças índias mortas
Condenadas pelos pais da bestidade
E toda a história não teve a nossa pena
Só medalhas de defecados imperadores
Nossa sina foi morar sobre a terra
Mas na condição de ela nunca ser mais nossa
Pois nos tornamos brasileiros empossados
Com migalhas e uma corda para a forca
E eis que o inferno completamente inconformado
De ainda não ver nossa história consumida
Gestou uma peste apocalíptica
E a tronou como um burro genocida
Com plateia segurando seu escroto
Sonhando com as carcaças: nossas vidas
E esse ser, esse Gosma salivar
Com uma bíblia e um quadro de um Deus vivo
Vive a fechar os seus olhos genocidas
Babando orações e as cuspindo
Desejando que os mais ricos bebam sangue
Para logo festejar o genocídio
E a maldita história nunca muda
Procriam-se os filhos da desgraça
Fracassados na escola e na ciência
Rompem as glotes nos delírios pelas praças
Em nome de seu credo e do Gosma
Quanto à mata de onde saem nossas palavras
São o visto das máquinas e do mercúrio
São o lugar onde os abutres veem sem vida
E comem o ouro e então sorri o capitão doido
Sanguinário da América perdida
Com seus vampiros: almas secas, mãos de arrombo
E este dia 19 ninguém conta
Numa pátria onde não se sabe o que são apuros
Se é lutar para manter todas as vidas
Ou se é para salvar todos os vírus
Em que índio só se vê como palavra
Na arcaica aula de substantivo
Se o Diabo aqui cravou a má história
Deus Divino e deus Tupã vão ao combate
Se o inferno vai às ruas de amarelo
Nossos índios lutarão ao não empate
Pois como toda história tem um final
Que o Diabo tenha certo o seu abate
Tal como a natureza se transforma
Haveremos de chegar à solução
Renovados pelo espírito da Mãe Terra
Esse Gosma cairá com os seus ao chão
E viva os índios desta terra maltratada
Que todo dia têm que vencer o capitão.