Muitos dizem que professor é a
profissão das profissões. Ou que o professor é um exemplo, alguém em quem
devemos nos inspirar, até copiar certas coisas dele. Ou muitos dizem que
professor é aquele que exerce muitas funções, até a de pai. Também declaram que
ser professor é exercer uma profissão digna, honrada e humana. Há os que falam
que o professor é alguém dotado de compreensão, porque é possuidor de alto grau
de paciência. Poucos afirmam que o professor deveria ser o mais bem pago, pois
todos os trabalhadores aprendem a trabalhar com ele. É, professor é tanta
coisa, gera tantas ideias, mas quem quer ser um?
Professor seria uma palavra
maldita? Seria um sinônimo de fracasso? Seria uma palavra que se remete a
alguém tão distante do mundo que ele ajuda a criar e a pensar?
Mas aí vem a grande afirmação, a
grande decepção sobre a palavra mágica. Professor não é nada além de uma
semente de mostarda. É uma fé pequena. É uma montanha que não se move com ordem
alguma. Professor é uma desconstrução do mundo. É um vaso velho que cai e se
quebra. É uma canoa furada.
Calma! Calma! Muita calma.
Como professor é aquele que faz
pensar, refletir. Então professor também explica. Ao menos explica.
Professor é uma semente de
mostarda, e como tal, não precisa ser grande, mas sim profunda. E se faz grande
porque só se transforma em grande aquilo que já foi pequeno. É daí que a
palavra professor cresce. Se fosse grande, pequena ficaria. E como semente, é
símbolo da frutificação, da multiplicação, da reprodução.
Professor é uma fé pequena. Sim,
bem pequena. Porque ele não pode estar acima do bem e do mal, nem subjugar as
crenças e a fé de ninguém. Ele não pode ser altivo. Ele precisa, sim, provocar
a fé dos outros, para que eles cresçam, engrandeçam a sua própria fé. É daí que
a fé pequena do professor se torna majestosa e rica.
Professor é também uma montanha
que não se move com ordem alguma. Porque o tamanho do seu saber se torna grande
não por impulso ou forças exteriores, mas por motivação e sensibilidade na
troca de saber. Ele é a montanha em que os que precisam subir para ver o mundo
melhor podem fazê-lo, desde que saibam lá em cima ficar, pois os que se
corrompem ao longo do caminho e se impõem sobre os outros também podem descer
pelos próprios tropeços. Professor é a montanha para os que querem subir, mas
também dá sombra aos que ficam embaixo.
Professor é uma desconstrução do
mundo. Porque o mundo, para emendar-se e transformar-se em algo melhor, precisa
dividir-se em partes menores e emendá-las novamente para oferecer os benefícios
da construção de um planeta mais justo.
Professor é um vaso que cai e se
quebra. Mas biblicamente renasce como um vaso de inovação e restaura as formas
da vida.
E, sim, professor é uma canoa
furada. Porque quem quiser atravessar o rio terá de aprender com ele a como
emendar a si mesmo, a se adaptar às águas terrenas e a atravessar todos os
cursos da vida.
Viu? Professor não tem magia. Não
usa varinha de condão. Professor é um poder que não se mede nos momentos bons,
nos sucessos da vida, nos ápices das conquistas. É um poder que é fragilizado
pela visão frágil dos frágeis. Nenhum sistema reconhecerá tal poder, pelo
contrário, tentarão anular cada som de sua expressão. Nenhum político abraçará
esse poder, mas o perseguirá até a sua pretensa morte, decadência.
Mas nada poderá deter, abafar,
destruir o poder implícito na palavra mais simples evocada nas paredes dos
sistemas de ensino.
Não só por hoje, o seu dia, nem
pelos anos de sua profissão, mas pela essência dessa vocação divina, a palavra
professor merece ser cravada no status que o criador elaborou. E que ninguém
jamais menospreze o verdadeiro poder dessa palavra: o sacerdócio da sabedoria.
Feliz Dia do Professor!
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