(Texto semifinalista da aluna BÁRBARA CRISTINA, Escola Padre Eurico, Vitória do Xingu, PA, Olimpíada de Língua Portuguesa 2014, gênero artigo de opinião)
Desde
a antiguidade, a priorização do lazer é comum. Os romanos, para entreter seu
povo e fazê-lo se esquecer dos problemas sociais, adotaram a política do “Pão e
Circo”, que consistia na distribuição de alimentos e diversão à plebe. Essa
prática, infelizmente, se estende até os dias atuais e, no município onde eu
moro, ela não é diferente.
Vitória
do Xingu, intitulada pelo governo atual como a “Cidade da Energia”, por sediar
a 3ª maior hidrelétrica do mundo – Belo Monte, vem, nos últimos anos, realizando,
com muita frequência, a revitalização e inauguração de bens públicos, como
forma de aplicar os recursos das condicionantes recebidos da Norte Energia
(empresa construtora da barragem) como forma de mitigação pelos impactos
causados pela obra. Um desses patrimônios, por ser em maior número e grande
visibilidade, tem causado polêmica entre os moradores - as praças; levando a um
grande questionamento: E as outras políticas públicas, como saúde e educação,
por exemplo, como ficam? Lazer é
importante, mas não pode estar acima dessas duas bases. O que me parece estar
ocorrendo aqui é um retrato moderno da política secular do “Pão e Circo”, mais
especificamente do circo. Que pena!
Reconheço
que seja até legal em uma tarde bonita ir para as praças, conversar com os
amigos, namorar (Quem nunca?) ter diversas opções de entretenimento. Essas
opções de lazer são exaltadas pela maioria dos moradores que apoiam o projeto
do governo, considerando-o “bom” para o povo. Mas se for parar para pensar não
é bem por aí. E quando o povo estiver doente, entre a vida e a morte, a praça
vai curá-lo? E na falta de remédios, a praça irá lhe proporcionar? Vai lhe ensinar
regras de ortografia? Provavelmente não.
É
claro que nos últimos tempos a saúde e a educação tiveram um avanço, mas não me
parece algo visto como “tão prioritário”, assim como as praças vêm recebendo
tamanha prioridade por aqui. Para se ter uma ideia, em todas essas áreas de
lazer há redes wifi abertas com
acesso à internet e isso, lamentavelmente, não se tem nas nossas escolas e em
outros órgãos públicos municipais. Curioso também é que na sede do município
temos apenas quatro escolas para um número significativo de seis praças, e
ainda há outras em projeto. É, lazer parece não ser problema para nós.
Os
governos tendem ao erro e/ou esperteza de priorizar o lazer. Um exemplo
vergonhoso disso é a grande polêmica levantada contra o governo da Presidenta
Dilma Rousseff por ter gasto milhões com a Copa do Mundo de 2014 e deixando de
lado a Saúde e a Educação, confirmando mais uma vez a prática da valorização do
lazer. Mas a maioria das pessoas gosta, tanto é que lotaram os estádios de
futebol e acabaram deixando em segundo plano a luta por outras políticas
públicas como saúde, educação e segurança. Aliás, isso não é surpreendente, já
que essa política também se estende ao povo, sendo muito comum nas famílias,
quando estas deixam de comprar um livro, pagar um curso, para realizar
passeios, ir às festas ou, ainda, comprar uma roupa de marca quando, às vezes, mal
dá conta de pagar. Essas atitudes, tanto do povo quanto dos governantes são, a
meu ver, a razão para a miséria política e intelectual da nação brasileira e,
consequentemente, da população vitoriense.
Assim,
penso que seja necessário equilibrar os recursos destinados às políticas
públicas e que se deva dar prioridade à saúde e à educação, bases para o bom
desenvolvimento de uma sociedade, visto que é principalmente por meio desses
pilares que, de fato, nós, enquanto povo, vamos criar o conhecimento necessário
para chegar ao tão sonhado progresso que a construção da hidrelétrica traria.
Portanto, tenha dó! Precisamos mudar urgentemente essa histórica de prioridade
ao lazer. Entendam uma coisa, nossa prioridade por aqui é outra. Mais saúde e educação,
menos praças, por favor!