sexta-feira, 7 de abril de 2023

À décima quinta hora



Por Mirinaldo 

E cá está este humano ante ti. 
Cabisbaixo e apreensivo,
Solícito por teu amor e inspiração.
Sim, quero tua inspiração. 
Sou eu aqui,  Senhor, 
O homem das salas,
O homem das aulas,
O homem com um mundo nos ombros. 
Eu sou o que ensina 
O que estuda, 
O que sonha. 
O homem que abre os livros e diz: eis o mistério revelado do saber. 
Eu sou o homem  das mentes brilhantes. 
Eu sou o polivalente, 
O crente, 
O ateu. 
Ainda assim e,
De todas as formas, sou teu. 
Sou o que estou contra as paredes,
As mesmas onde rabisco letras de pensar. 
Lá estou também 
Sob intensos sacrifícios. 
Lá também estou 
Sob o martírio dos incrédulos,
Sob a falta de empatia dos soberbos e sob 
Os risos dos fascistas e nazistas aqui plantados. 
Eu sou o que 
Explica os erros da História,
O que se desvia 
Da ignorância dos poderosos 
E agora eu sou o que 
Se apega à sorte 
De estar... vivo após um "bom dia".
Eu sou o último da fila 
Da esperança 
De nações pobres,
O que está longe 
Dos filhos próprios 
E constantemente 
Perto dos filhos 
Da minha devoção de sala. 
Sou eu, Senhor, 
Junto contigo,
Sob estes pregos 
Ensanguentados Desta cruz que ainda mata os oprimidos e fracos em nome 
De Deus. 
A ser flagelado 
Pelo ódio do mundo. 
O mundo que eu,
Letra a letra, 
Sonho por sonho, 
Voz e olhares, 
Pretendo que seja 
Devolvido a ti
Conforme tua vontade. 
Não permitas, Santo deste madeiro,
Que a minha voz se cale 
Do ofício a ela dado. 
E que esta dor  cesse 
Assim que o mundo 
Souber para que 
A ele foi 
Enviado...
Um professor.

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