Por Mirinaldo
O desejo de aproximar o Brasil
dos Estados Unidos sempre foi digerido na tripa da direita brasileira. E isso
só não se concretizou logo porque a gula foi interrompida em 2002, com a
vitória de Lula. Prova disso é que, quando houve o golpe para tirar o PT do
poder, o PSDB entrou imediatamente no governo Temer assumindo o Ministério das
Relações Exteriores, com José Serra. Depois que o partido conseguiu aprovar a
liberação para mais potências sugarem a teta do Pré-Sal, retirou-se da base do
golpe e foi barganhar a eleição. Ou seja, os EUA estavam habilitados a colocar
a mangueira no nosso ouro negro, bastava não haver a esquerda para interromper
mais uma vez isso. E as ruas se enchem da elite brasileira, com gritos de “fora
corrupção”, uma pele de ovelha com a boca de lobo para abocanhar o poder.
Contra a corrupção coisa nenhuma, o negócio era montar logo o palanque para
apressar a retomada do Planalto.
E o pato nadou bem, deu certo, a
direita chegou ao poder via Bozo. O PSDB ficou “de fora”, mas sua intenção de
realizar a política de entreguismo está mais do que garantida no novo governo
da moral. Tanto que o Bozinho foi aos States buscar a lição de casa e lá
garantiu que o Brasil não será socialista e sim entreguista. Aí vem o Trump e
dá aquele elogio à atitude do Bozo por expulsar os médicos cubanos sob alegação
de que o Brasil não concorda com o socialismo da ilha. Mas pouco importa o
discurso contra socialismo nesse caso, (basta copiar qualquer coisa do
Facebook) porque, afinal, o que está em
jogo é fazer o que os States querem. E eles querem afundar a América Latina,
tal como vêm fazendo com a Venezuela. Mas precisam de um testa de ferro, ou
melhor, uma orelha de burro. Alguém que não se importe com os vizinhos latinos
e mande ver contra eles para o regozijo do Norte.
O projeto da terra do Tio Sam é
dominar nossa terrinha, mas nenhuma porta lhe foi aberta, isso até a vitória bozista.
Isso significa que o novo governo (mais velho do que novo) já se abre
totalmente aos mandos norte-americanos e aguarda as suas ordens para liberar os
espaços e implementar as políticas neoliberais contra os próprios brasileiros
que pensarão estar vivendo uma transformação de país emergente para primeiro
mundo, pois perceberão a presença americana física e politicamente aqui. A
Amazônia, por exemplo, já está sendo empacotada como presente, pois o Bozo já
deu sinais de usar as terras indígenas para implantar megaprojetos e já
ofereceu aos índios os espelhinhos modernos de Cabral: royalties (falsos
privilégios!), além de partir pra cima do IBAMA para que ele proteja os
interesses dos grupos ruralistas e pare com essa de garantir direitos a
pequenos agricultores, pois o Bozo já disse que “é difícil ser patrão no
Brasil”. E já pra fora o Ministério do Trabalho! As leis também serão alteradas
para dar mais chicote aos empresários e mais lombo aos trabalhadores. Até
censura ao Enem está vindo aí sob a alegação de que só temas de conhecimento
relevante devem cair na prova. Em outras palavras: só o que o Bozo quiser que
caia. Aliás, pode cair muita coisa e até voltar o acento de “idéia”.
E tudo isso enquanto assistimos a
cenas de um homem humilde, bom e cristão oferecendo cafezinho para chefe de
segurança americano, ou comendo cachorro-quente (será que em Marte há cachorro-quente?
É preciso de dente para mastigar um cachorro-quente? É normal comer
cachorro-quente?) e entregando taça ao Palmeiras, fazendo-nos pensar que ele é
tal como nós e nós seremos tal como os States. Em janeiro, já poderemos começar
a atirar uns nos outros com a flexibilização do porte de armas, brinquedo que
vai fazer os brasileiros se sentirem dentro de uma arena romana (mas inspirada
no faroeste caboclo), assim como o cafezinho acima. Já poderemos também dar
murros nos professores socialistas, pois também será uma forma de ajudarmos o
Bozinho a garantir sua promessa ao Trumpinho e também uma forma de mostrarmos
que estaremos resolvendo todos os problemas da educação pela cartilha da
depravada Escola Sem Partido, amamentada no seio de orações feitas ao Diabo por
políticos pregando evangelismo de quinta categoria, sob a alegação da
preservação de valores cristãos de uma elite podre.
E é melhor aprendermos a ser
todos entreguistas, pois quando se senta à mesa com Tio Sam, e lhe damos um
cafezinho de merda, ele até toma, porque ele sabe muito bem onde está escondido
o cafezal. E também sabe quem engole quem quando se trata de um tubarão e uma
sardinha sul-americana metida a gringa.
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