Muitos vieram antes de nós e se
propuseram a fazer o que pensavam ser a educação. E surgiram as tendências.
Tendências estudadas, amadas e odiadas por nós da Pedagogia. E muitos erraram
tanto. Outros tantos desleixaram. A maioria não quis fazer e alguns ousaram
pensar e agir. Mais agir que pensar.
Muitos chegaram até nós e disseram
que educação se faz com amor. Mas nunca amaram. Muitos chegaram até nós e
disseram que educação se faz em conjunto, mas sempre se isolaram. Muitos
chegaram até nós e disseram que educação se faz com compromisso, mas se
esquivaram de tudo. Muitos ainda nem falaram nada. E nada fizeram.
Ainda, no nosso recente passado,
muitos administraram a nossa educação e dela fizeram seu lazer, sua aventura,
seu calabouço para torturar e humilhar a nossa categoria. Ainda nos mandavam
fazer o que eles nunca souberam e nunca, jamais conseguirão fazer. Muitos
perseguiram o quanto puderam, o quanto quiseram, o quanto puderam fazer de seu
sadismo a sua diversão.
Houve os que nos lesaram, levaram-nos
ao desespero, à loucura, ao desânimo, à decadência. Eles nunca nos deram ânimo.
Deram, sim, ordem. Nunca nos deram estímulo e sim penúria. Nunca sequer nos
abraçaram, apenas nos comprimiam e se diziam donos da situação.
Às nossas crianças deixaram o mínimo.
Elas nunca nem significaram nada. Foram a escória da educação, daqueles que
pensavam em educação sem crianças.
E houve um tempo. Uma era. Um momento
obscuro que até, em seus detalhes, faria desanimar esta festa. Mas houve.
Aconteceu. E nós o vivemos.
Esse tempo, essa era precisam ser
lembrados, para que o futuro nos preserve de tal mal, de tal maldição. Foi uma
era em que pessoas que se intitulavam poderosas e acima de tudo e de todos,
carregadas de ignorância, chicotearam os trabalhadores em educação nos quatro
cantos deste município. E nos fizeram penar. Sofrer. Sentir dor. Verter muitas
lágrimas. Sucumbir. Ninguém que deveria ser erguido conseguiu sê-lo. E foi
instalado o circo dos horrores. E vieram as filas malditas dos pagamentos. E
vieram os atrasos. E vieram os arrochos, as perdas, os inexplicáveis descontos,
as demissões, as retaliações, as perseguições, as intransigências, o
autoritarismo, o sadismo e... a mediocridade.
Nenhum sonho parecia ser possível.
Nenhuma esperança parecia querer dar o ar de sua graça. Nós éramos uma ilha
atacada por cobranças imbecis de todos os lados, em que o único objetivo era
que alguns se satisfizessem às nossas custas.
E o pior de tudo: ninguém daqui,
deste chão de Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, desta terra onde “O seu verde
é tão lindo”, do rio de nossas pescadas, das águas xinguaras da Missão de
Tavaquara, absolutamente ninguém emergiu a nosso favor e ninguém assumiu a
nossa história conosco. Eles queriam a torre de marfim, mas nunca cavar juntos
para achar novos tesouros.
Que tempo lastimável! Alguns poderiam
agora, neste momento, vir até aqui, arrancar este microfone e bradar: nós não
tínhamos condições. E eu digo: não tinham compromisso, aquele ingrediente que
transforma bem o dinheiro, que aplica com correções e promove as pessoas. Pois
nós sempre fomos soldados a postos para uma boa luta. O nosso problema? Os
comandantes fracos. Fracos para o
trabalho; espertos para os seus interesses e nomes.
Nomes que devemos lembrar para não
punirmos mais a nossa história. Pois novos ventos vêm a nosso favor.
E chega. E basta. E é enfim o fim.
Nessa história toda fica a triste
constatação: nenhum dos nossos comandantes fez a educação nessa era maldita.
Que nunca os homenageemos. Que sejam esquecidos para sempre.
Pois vem, por fim, um novo momento.
Abrem-se novas portas. Alargam-se horizontes. Ou melhor: criam-se os horizontes
que nos convidam para uma nova página, para um novo agir e pensar.
Que as ditaduras não voltem nunca
mais. Abram-se as cortinas para vermos um novo tempo. Vermos não.
Participarmos. Sermos ouvidos. Sermos parte. Sermos um componente do novo
significado.
Ouvi outra vez alguém dizer que a
educação nunca está boa, está melhorando. Concordo. Se posso dizer que a
educação é boa, então ela não precisa mudar e eu não preciso fazer nada. Porém,
a educação não pode estatizar, ficar no tempo atrás de nós. Ela deve ser sempre
contemporânea, ágil e dinâmica. Mas para isso, todos os seus motores precisam
trabalhar. Todas as peças precisam ter igual importância, ser cuidadas e
cobradas conforme sua função. E, voltando à comparação anterior do combate, a
educação precisa de comando. Não bruto. Não de chefe, nem mesmo de secretário
de educação não precisamos. Isso mesmo. Secretários de educação temos muitos
pelo Brasil. Líderes, só alguns.
Bons líderes abrem novas eras. Bons
líderes fazem até as plantas esverdearem quando secas. E isso não é magia. É
liderança. O líder pode estimular o jardineiro amargurado a regar a flor do
jardim esquecido. O líder pode animar o cego e fazê-lo perceber as coisas como
elas são ou como poderiam ser. Um líder pode fazer um livro empoeirado na
estante ganhar brilho através dos olhos das crianças. Pode fazer uma música
passar a ser ouvida e apreciada. E tudo isso sem magia. Sem gritos, sem
exibicionismo, sem pressão e força bruta. Apenas com motivação.
Com esse líder, podemos mirar além,
muito além do horizonte e persegui-lo para ultrapassá-lo. E quando se trata de
educação, realmente podemos afirmar que ela não está boa, está melhorando. É
isso que é fazer educação. Nunca parar. Nunca desistir. Fazer sempre.
E nós aqui, professores, serventes,
vigias, merendeiras, coordenadores, diretores, pais e, principalmente alunos,
temos você, LEANE, a nossa líder.
Você começou uma nova era. Você não
deixou a educação parar, mesmo sem a função de secretária. Se você não fosse
professora, seria educadora sempre.
E por isso, por sua liderança, por
sua leveza ao lidar com os fatos e com a pessoas (mesmo sendo enérgica, você
não embrutece), por sua dinâmica e ação de compromisso com a educação e não com
bandeira política, queremos homenageá-la nesta noite e agradecer-lhe por não ir
sozinha em busca do novo, mas de sempre nos convidar a estar juntos, a nos
animar e a nos orientar no rumo certo, principalmente por se tratar do maior
bem imaterial do ser humano: a educação.
E queremos dizer ainda que esperamos
que você continue firme nessa função e mostrando que o rumo é este. E que não
queremos que volte jamais a educação dos séculos passados, dos chefes, dos
donos dos cargos e das pessoas. Queremos manifestar nosso apoio a você, ao seu
trabalho, à sua conduta ética com os recursos públicos e com as relações
interpessoais, sendo esta a que você prima. Queremos copiar de você algumas
reflexões, como por exemplo: “sempre é possível”, “dá de fazer”, “vamos
inovar”, “vamos correr atrás”, “vamos tentar de novo de outro jeito”. Ou seja,
são frases que provam que você não deixa a educação parar.
E mais, em nome de todos os
funcionários e funcionárias da educação deste município, gostaria de dizer que,
neste momento, até que se finde a sua missão na atual administração, não
conseguimos imaginar este governo, O progresso é para todos, sem você como
nossa secretária.
Com você fica sempre a certeza de que
não vamos parar, de que vamos errar, mas nunca vamos ficar presos a erros e a
desânimos e que vamos rumar ao horizonte conquistando e fazendo novas fórmulas
para que possamos dar sentido ao seu lema: A educação faz a diferença. A
educação faz sim toda diferença, desde que não pare e fique para trás e sim que
siga transformando a vida dos vitorienses, a cada dia, a cada ano. Obrigado,
LEANE, por nos conduzir a uma nova era chamada: A EDUCAÇÃO NÃO PARA DE MUDAR!
Mirinaldo, 19 de dezembro de 2013.