Por Mirinaldo
E cá está este humano ante ti.
Cabisbaixo e apreensivo,
Solícito por teu amor e inspiração.
Sim, quero tua inspiração.
Sou eu aqui, Senhor,
O homem das salas,
O homem das aulas,
O homem com um mundo nos ombros.
Eu sou o que ensina
O que estuda,
O que sonha.
O homem que abre os livros e diz: eis o mistério revelado do saber.
Eu sou o homem das mentes brilhantes.
Eu sou o polivalente,
O crente,
O ateu.
Ainda assim e,
De todas as formas, sou teu.
Sou o que estou contra as paredes,
As mesmas onde rabisco letras de pensar.
Lá estou também
Sob intensos sacrifícios.
Lá também estou
Sob o martírio dos incrédulos,
Sob a falta de empatia dos soberbos e sob
Os risos dos fascistas e nazistas aqui plantados.
Eu sou o que
Explica os erros da História,
O que se desvia
Da ignorância dos poderosos
E agora eu sou o que
Se apega à sorte
De estar... vivo após um "bom dia".
Eu sou o último da fila
Da esperança
De nações pobres,
O que está longe
Dos filhos próprios
E constantemente
Perto dos filhos
Da minha devoção de sala.
Sou eu, Senhor,
Junto contigo,
Sob estes pregos
Ensanguentados Desta cruz que ainda mata os oprimidos e fracos em nome
De Deus.
A ser flagelado
Pelo ódio do mundo.
O mundo que eu,
Letra a letra,
Sonho por sonho,
Voz e olhares,
Pretendo que seja
Devolvido a ti
Conforme tua vontade.
Não permitas, Santo deste madeiro,
Que a minha voz se cale
Do ofício a ela dado.
E que esta dor cesse
Assim que o mundo
Souber para que
A ele foi
Enviado...
Um professor.