domingo, 30 de abril de 2017

Presente de grego




 
(por Mirinaldo)

Desde abril do ano passado, nosso país tem sido atacado pelos interesses internacionais e retornado a um verdadeiro neocolonialismo. As forças que levaram a direita a dar um golpe na democracia vêm do imperialismo norte-americano e de grandes blocos econômicos. O Brasil está entregue novamente (digo: sem resistência alguma). Os que aqui comandam diretamente este momento sangrento (Rede Globo, partidos de direita, judiciário, Lava Jato e imprensa) são os que se mantiveram no poder por exatos 502 anos, por isso nunca poderiam aceitar uma interrupção audaciosa como a que ocorreu com a tomada do poder pela classe trabalhadora, pela via da democracia (embora frágil), num campo político minado pelos interesses da direita genuinamente capitalista. Lula declarou recentemente que venceu o candidato da Rede Globo. E eis o nó da questão do “presente” que estamos recebendo do presidente marionete, ilegítimo, golpista e corrupto.
O país, seja o que for, digam o que digam, está girando em torno de uma força nunca vista na nossa história: Lula presidente em 2018 (quatro pesquisas o isolam na frente). E quem ouve falar nos outros candidatos? Há, no momento, a ocorrência do nome dele e dos outros. Estes outros são justamente os nomes que a Globo tem: todos fracos e sem expressão política alguma. De Aécio a Serra, passando agora pelo engomadinho prefeito de São Paulo, a direita não tem candidato algum. E se conseguir um, a Lava Jato “poderá” engoli-lo. Ou seja, a Globo poderá perder novamente. Ser derrotada outra vez.
Em torno desse cenário, há uma pressa dos golpistas, com medidas elogiadíssimas pelo jornalismo panfletário de revistas e da mãe Global, de implementar os seus projetos com as seguintes finalidades: os ricos serem mais ricos, o país ser mais dependente da especulação, e afogar a esquerda de uma vez por todas para se retomar o poder secular.
Para tal feito, estamos vendo coisas do tipo: show de juiz, judiciário tucano, dois pesos e duas medidas, abafamento das denúncias contra a turminha de FHC e escancaramento de fatos mínimos contra Lula, projetos do governo aprovados todas as noites, “vazamentos” de depoimentos, e por aí vai. Há duas frentes de ataque à esquerda: uma no campo político e outra no campo histórico.
A primeira frente consiste em eliminar o metalúrgico e tentar, às pressas, projetar um candidato da direita em 2018. Só a prisão de Lula permitirá isso (é o que eles imaginam). Não há outro freio para esse efeito colateral da Lava Jato. Por conta disso, não havendo a prisão tão desejada pelos coxinhas (no seu falso ufanismo, com suas panelas caríssimas), a operação sofrerá descrédito total, uma vez que ela parece mesmo, em razão do seu dubitável processo, não se focar no combate à corrupção generalizada, mas sim destruir a principal liderança da esquerda para que toda a esquerda caia junto. Já há, inclusive, umas centenas de discursos (contra o C contra o V) contra o que nem mesmo se conhece, como socialismo, comunismo e, por último, sobrou para os sindicatos, tratados pelos coxinhas e pela imprensa tucana como uma categoria desprezível e aproveitadora dos recursos públicos, como se fossem os sindicatos que permitissem a corrupção ou que nunca tivessem lutado pela implantação da democracia (que nunca viria sem a atuação dessas classes).
A segunda frente tem a ver com a destruição dos setores que sustentam a esquerda e a fazem ter sentido de existir. Trata-se de destruir, reduzir a pó mesmo, numa ignorância a todos os fatos, as classes trabalhadoras. A retirada dos direitos promovida pelos golpistas e o assassinato da CLT se coadunam com a primeira frente, pois a classe trabalhadora, sem representação política máxima, servirá sempre como um instrumento barato de trabalho para elitizar ainda mais os poderosos, que continuam sendo intocáveis (inclusive foi a grande falha do PT não ter mexido nas grandes riquezas desses poucos). São os sindicatos a próxima vítima do golpe. Enquanto ocorre a “investigação” para prender Lula, o ataque aos direitos trabalhistas já é uma ação golpista capaz de já garantir que haja algum lucro imediato do golpe. Se os golpistas são os poderosos, então o lucro vem pelas medidas que eles tomam em favor de si mesmos. É impossível coexistir a garantia dos direitos já conquistados se eles não são elaborados pelos principais interessados: os trabalhadores. É ou não é golpe?
O que temos para este primeiro de maio é simplesmente uma reflexão crítica e um grito de socorro ante a destruição histórica dos nossos direitos causada pela morte de uma menina chamada democracia só porque, acima de tudo isso, paira o desejo de uma classe de chegar ao poder e se perpetuar. E nunca, pelo amor de Deus, jamais discutir qualquer tema atual deste golpe seguindo o rancor odioso de um coxinha, pois, saiba: nunca um coxinha falará em favor de quem é trabalhador. Pois o coxinha foi e sempre será alguém que pensa no poder, mesmo sendo um pobre (o que é vergonhoso um pobre pensar como um coxinha!).
O presente que temos para o nosso primeiro de maio é maldito. E já é uma herança da qual temos de ter vergonha, pois temos que admitir que pouco (ou nada) fizemos para sustentar as nossas conquistas. E agora sabemos que elas são tão frágeis ao vermos cada uma sendo tirada de nós diariamente. E, com certeza, chegamos a isso por conta de termos apenas pensado que estávamos fazendo tudo por nossa cabeça. Sim, por nossa cabeça. Aliás, vocês viram aquela falha do Renato Chaves no jogo de hoje? Agora o Flamengo só precisa do empate no jogo de volta. Isso não é demais?!