O governo Bozo fez um corte
bilionário na educação. Para quem não perdeu seu voto, isso não é novidade. Mas
é assustador mesmo assim. O ditador divulgou a premissa de priorizar a educação
básica, mas ela foi atingida em cheio: corte de 2,4 bilhões de reais. Não
perderei meu tempo com os acéfalos que comemoram a ideia do quanto pior melhor,
pois não sabem o que é melhor nem o que é pior e muito menos são capazes de
dimensionar um problema dessa magnitude, afinal, a educação não faz falta aos
que nasceram unicamente com instintos e um título de eleitor na mão. Vamos ao
que se quer com esse golpe. Há três questões em jogo.
A primeira diz respeito ao que
a direita esquizofrênica chama de limpeza ideológica. Em bom português:
eliminar o elefante branco da sala. Eu estava brincando: é eliminar o fantasma
que assombra o palácio: o socialismo. Detalhe: sem socialismo. A falta
justamente de uma educação mais protagonista (temos aí me culpa) levou muitos
zeros pensantes a conceber a existência do comunismo e do socialismo no Brasil
sem conhecimento de causa, mas o que tem causado um espírito alucinógeno de
pseudointelectualismo. Ou seja, quem disser que o PT, o PSOL, o socialismo e o
comunismo acabaram com o Brasil está devidamente diplomado. Não entrarei no
mérito de discorrer sobre o que é socialismo e comunismo (em outro momento,
prometo) e brincar de verdade-desafio sobre o tema. Oxalá tivéssemos um socialismo
ou um comunismo (este, que fosse de base cristã de verdade!). Falo sério mesmo!
E sem esse diploma de Bozoburrologia. O ataque do ditador às universidades,
segundo ele, se justifica pelo fato de essas instituições promoverem o pensamento
crítico, reflexivo, científico e filosófico. Tô brincando, ele não falou assim.
Ele disse que quer expulsar o pensamento de esquerda. Coisa de quem se
aposentou cedo demais, ganha bem e não tem dedicação a estudo algum. Na verdade,
esse discurso é a balinha da eleição, lembra que os caras distribuíam balinha
para as crianças e elas viam tudo doce? Pois é, enquanto a gente fica bancando
o sabidão da direita sobre como se cospe em discurso socialista, o plano
segue adiante. Vamos assistir a esse
filme?
Vamos à segunda questão. Ok,
enquanto segue o filme dos “Caça-socialistas” (Você se lembra dos
Caça-fantasmas?), a segunda questão diz exatamente respeito à falta de projeto
do Bozo para a educação do país. Mostre um. Mostre meio. Não, deixe, não perca
seu tempo. Não existe projeto do (des)governo para uma caneta sequer. Quando,
numa ditadura fria, como a que estamos vivendo agora, o ditador é inerte e
despreparado, a ação truculenta é a única saída para ele mostrar que está lá no
poder. Mas somente consegue mostrar isso. Não permite ser questionado,
contrariado, então despeja seus desmandos como marca de que há um governo ali. Fora
isso, teria que ficar como alguém disse certa vez: Se ele não roubar, já vai
valer a pena. Nossa, um ladrão parado! A pena do salário mínimo, a pena do
desemprego, a pena da submissão aos EUA, a pena da homofobia, a pena da
arrogância e vai se soltando a pena por aí. Mas há um detalhe: esta segunda
questão ainda não é a finalidade, assim como a primeira, a de caçar socialista
alienígena. A primeira e a segunda questão são a parte do palco, são meios. Lá nos
bastidores está a real finalidade: privatizar a educação. Bom, vou parar o meu
texto. Daí pra frente a questão é a seguinte: se os diplomados no Bozonarismo
têm, além de retórica primata, uma boa poupança, então comecem a comemorar. Mas
primeiro olhem a poupança! Eu disse a poupança! Porque quando a coisa for
realmente implantada, não vai haver bolsa discriminando quem assistiu ao filme “Os
Caça-socialistas” nem para quem estava atuando nele. Por isso, todo discurso
deve ter uma reserva. Toda atitude, uma ressalva. E todo bolsomínio, uma poupança.
Porque quando a educação for de vez para o bolso dos capitalistas, então eu
quero ver quem vai nos emprestar uma graninha. O Queiroz eu sei que não é.