sexta-feira, 19 de junho de 2015

AFINAL, QUANDO SÃO AS ELEIÇÕES?




A Globotucana não desiste. Agora criou o Sancho Pança brasileiro, com uma capa para voar a América do Sul na tentativa de trazer o golpe contra o PT de fora para dentro. Além de criar novelas, agora a Globotucana criou um herói que já caiu no humor dos quadrinhos: Aécio Neves. Ele montou sua equipe, foi à Venezuela usar o nariz de Pinóquio (daí outro personagem) para se intrometer numa questão que não permite ao Brasil e a nenhum país se intrometer. Podemos, sim, julgar o que faz Maduro, Obama ou qualquer outro presidente. Mas esse julgamento deve ser moral, político e não físico, a ponto de aterrissar no território dele e gritar: “Não faça isso!”. Mas sabemos que nosso “herói” Aécio está se lixando para presos políticos, pois se fosse seu interesse defender pessoas injustiçadas, começaria por aqui. Conte algum episódio em que ele defendeu alguém. Aécio, em se tratando de política, só sabe ficar na parte que joga pedra. Não nasceu para ter teto de vidro.
Mas o que ele foi fazer mesmo lá Venezuela?
Simples, tudo o que ocorre no Brasil atualmente, fora o que ocorre dentro do governo, tem como cérebro a Globotucana. PSDB e Globo ditam o projeto de retorno da direita ao poder, pelo descontentamento das atuações do governo em áreas que não são do interesse das classes média e alta. A crise por que passa o país não é eterna e deve terminar logo, ou seja, ainda antes das próximas eleições. Acontece que esse retorno do crescimento da forma como era antes (e vale lembrar que o país não deixou de crescer) desencadeará alguns fatores que reverterão a impopularidade de Dilma, afinal, ela não ganhou uma eleição com 90% de rejeição. Além do mais, o nome de Aécio ficou ofuscado enquanto a Globotucana e alguns grupinhos de mauricinhos e patricinhas iam às ruas gritar por impeachment e depois burlar os pontos nos seus empregos. Aliás, ele mesmo se acovardou e não foi marchar por democracia e contra a corrupção. Se a crise não é eterna nem de governo, e Dilma pode ascender nas pesquisas e o PT tem nome para propor em 2018, o impeachment seria a bola da vez para a direita não se desgastar nas próximas eleições e fazer o TSE realizar uma eleição em tempo hábil para projetar Aécio em plena crise, aproveitando o clima de revolta oba-oba das ruas. Seria a panaceia para os problemas de derrotas do PSDB nos últimos anos.
Acontece que o golpe não saiu. Mas por outro lado, ficou a cargo da Globotucana dar ênfase às denúncias de corrupção, apenas às que envolvem membros da base do governo. Observe que nenhum avanço positivo do governo ganha manchetes. Como a figura de Aécio, que pela sua própria natureza política é deformada, continua sem evidência no Brasil, a questão seria criar um fato de notoriedade internacional. Daí a repentina “preocupação” do PSDB com os presos políticos da Venezuela, coadunando com os interesses dos EUA. Mas a ida de Aécio não deveria ser só um vai e vem. Os tucanos sabiam que não seriam bem recebidos por lá. Se já contavam com a hostilização do país vizinho, então eles precisavam fazer o seguinte: projetar que, ao chegarem à terra de Maduro, foram hostilizados e tiveram que voltar impedidos de realizar a “missão de paz”. Na verdade, não seria em terras venezuelanas que deveria acontecer a encenação da peça principal, teria que ser no Brasil, pois esse fato deveria pôr o nome de alguém em oposição direta ao nome de Dilma/Lula. E qual nome? Claro, Aécio. E deu certo. A partir de agora o nome de Aécio passa a ter evidência midiática, já que ele não tem história política para mostrar, ele passa agora ao cenário da Globotucana como o herói que foi violentado na Venezuela enquanto defendia os direitos humanos – inclusive com entrada ao vivo direto do aeroporto em pleno Jornal da Globo. Não chegou a ser um impeachment, mas que foi uma cartada de mestre, isso foi.
Agora, um homem sem expressão política e totalmente ausente das causas sociais deste país passa a ser um personagem da Globo caricaturalmente bem montado, mas patético. Patético, pois é uma marionete a serviço do jogo que o PSDB e a Globo vêm articulando desde 2014 por conta de virem sofrendo derrotas nas últimas eleições presidenciais.
Embora pareça que o país viva o seu momento mais corrupto da história, na verdade ele passa pelo momento mais investigativo. O que deve acontecer e pelo que todos têm que lutar é para que todos os culpados sejam condenados e punidos, quem quer que seja. Então, a projeção de toda corrupção do Brasil sobre o PT e a santificação do PSDB não se trata de uma questão ética, moral ou mesmo política. Trata, sim, de eleições. Eleições que a Globotucana está antecipando. Por isso, se alguém quiser uma explicação sua sobre o que está acontecendo no nosso país, responda: são as eleições.