A Globotucana não desiste. Agora criou o Sancho Pança
brasileiro, com uma capa para voar a América do Sul na tentativa de trazer o
golpe contra o PT de fora para dentro. Além de criar novelas, agora a Globotucana
criou um herói que já caiu no humor dos quadrinhos: Aécio Neves. Ele montou sua
equipe, foi à Venezuela usar o nariz de Pinóquio (daí outro personagem) para se
intrometer numa questão que não permite ao Brasil e a nenhum país se
intrometer. Podemos, sim, julgar o que faz Maduro, Obama ou qualquer outro
presidente. Mas esse julgamento deve ser moral, político e não físico, a ponto
de aterrissar no território dele e gritar: “Não faça isso!”. Mas sabemos que
nosso “herói” Aécio está se lixando para presos políticos, pois se fosse seu
interesse defender pessoas injustiçadas, começaria por aqui. Conte algum
episódio em que ele defendeu alguém. Aécio, em se tratando de política, só sabe
ficar na parte que joga pedra. Não nasceu para ter teto de vidro.
Mas o que ele foi fazer mesmo lá Venezuela?
Simples, tudo o que ocorre no Brasil atualmente, fora o que
ocorre dentro do governo, tem como cérebro a Globotucana. PSDB e Globo ditam o
projeto de retorno da direita ao poder, pelo descontentamento das atuações do
governo em áreas que não são do interesse das classes média e alta. A crise por
que passa o país não é eterna e deve terminar logo, ou seja, ainda antes das
próximas eleições. Acontece que esse retorno do crescimento da forma como era
antes (e vale lembrar que o país não deixou de crescer) desencadeará alguns
fatores que reverterão a impopularidade de Dilma, afinal, ela não ganhou uma
eleição com 90% de rejeição. Além do mais, o nome de Aécio ficou ofuscado
enquanto a Globotucana e alguns grupinhos de mauricinhos e patricinhas iam às ruas
gritar por impeachment e depois burlar os pontos nos seus empregos. Aliás, ele
mesmo se acovardou e não foi marchar por democracia e contra a corrupção. Se a
crise não é eterna nem de governo, e Dilma pode ascender nas pesquisas e o PT tem
nome para propor em 2018, o impeachment seria a bola da vez para a direita não
se desgastar nas próximas eleições e fazer o TSE realizar uma eleição em tempo
hábil para projetar Aécio em plena crise, aproveitando o clima de revolta
oba-oba das ruas. Seria a panaceia para os problemas de derrotas do PSDB nos
últimos anos.
Acontece que o golpe não saiu. Mas por outro lado, ficou a
cargo da Globotucana dar ênfase às denúncias de corrupção, apenas às que
envolvem membros da base do governo. Observe que nenhum avanço positivo do
governo ganha manchetes. Como a figura de Aécio, que pela sua própria natureza
política é deformada, continua sem evidência no Brasil, a questão seria criar
um fato de notoriedade internacional. Daí a repentina “preocupação” do PSDB com
os presos políticos da Venezuela, coadunando com os interesses dos EUA. Mas a
ida de Aécio não deveria ser só um vai e vem. Os tucanos sabiam que não seriam
bem recebidos por lá. Se já contavam com a hostilização do país vizinho, então
eles precisavam fazer o seguinte: projetar que, ao chegarem à terra de Maduro,
foram hostilizados e tiveram que voltar impedidos de realizar a “missão de paz”.
Na verdade, não seria em terras venezuelanas que deveria acontecer a encenação
da peça principal, teria que ser no Brasil, pois esse fato deveria pôr o nome
de alguém em oposição direta ao nome de Dilma/Lula. E qual nome? Claro, Aécio. E
deu certo. A partir de agora o nome de Aécio passa a ter evidência midiática,
já que ele não tem história política para mostrar, ele passa agora ao cenário
da Globotucana como o herói que foi violentado na Venezuela enquanto defendia
os direitos humanos – inclusive com entrada ao vivo direto do aeroporto em
pleno Jornal da Globo. Não chegou a ser um impeachment, mas que foi uma cartada
de mestre, isso foi.
Agora, um homem sem expressão política e totalmente ausente
das causas sociais deste país passa a ser um personagem da Globo
caricaturalmente bem montado, mas patético. Patético, pois é uma marionete a
serviço do jogo que o PSDB e a Globo vêm articulando desde 2014 por conta de
virem sofrendo derrotas nas últimas eleições presidenciais.
Embora pareça que o país viva o seu momento mais corrupto da
história, na verdade ele passa pelo momento mais investigativo. O que deve
acontecer e pelo que todos têm que lutar é para que todos os culpados sejam
condenados e punidos, quem quer que seja. Então, a projeção de toda corrupção do
Brasil sobre o PT e a santificação do PSDB não se trata de uma questão ética,
moral ou mesmo política. Trata, sim, de eleições. Eleições que a Globotucana
está antecipando. Por isso, se alguém quiser uma explicação sua sobre o que
está acontecendo no nosso país, responda: são as eleições.